Há uma obra do
historiador brasileiro Guilhermino César (1908 – 1993) chamada “Primeiros
Cronistas e Viajantes (1605 – 1801): estudo das fontes primárias da história
riograndense acompanhados de vários textos”. Vivian Ignes Albertoni, na sua
tese de doutorado, explica a importância desse trabalho para entendermos a
formação do Rio Grande do Sul:
"Trata-se de textos
fundamentais para compreensão da formação do povo gaúcho, escritos por
viajantes, jesuítas e desbravadores de todo o tipo que pelo Rio Grande passaram
(políticos, guerreiros, intelectuais), Cada um merece uma pequena apresentação
do próprio Guilhermino César, seguida pela íntegra dos textos, o que faz dessa
publicação uma das iniciativas mais importantes dentro do campo da pesquisa
histórica gaúcha, de que se tem notícia até hoje." (2006 p.26)
São escritos fantásticos!
Vale muito a pena ler e aprender um pouco sobre o que pensavam diferentes
personagens que compuseram a nossa história.
O relato que apresento
hoje pra vocês, um entre tantos, foi escrito por André Ribeiro Coutinho, que
tinha o posto de Mestre-de-Campos, e foi o segundo governador da Capitania de
Rio Grande de São Pedro de dezembro de 1737 a dezembro de 1740. Guilhermino
César contextualiza esse texto dizendo que até a década de 1730 o Rio Grande
era como uma “terra de ninguém”, sem uma cultura que vicejasse em torno das
outras às quais os viajantes, indígenas ou expedicionários traziam. O relato de
André Ribeiro Coutinho inaugura uma espécie de encantamento pela terra e
preconiza (ou profetiza) o quão maravilhosa a “unidade” será através do século
XVIII. É uma carta datada de setembro de 1737 para um amigo seu.
O relato tende a
responder a pergunta “do que é esta terra”, e André Ribeiro Coutinho a trata
como “terra de muitos” porque tem abundância de tudo. Cita animais, matérias
primas, inconvenientes, até condições climáticas (provavelmente surpreso pelas
estações do ano bem definidas), frutas e outras plantações, também condições
otimistas como “muita esperança”.
Diz que há falta de
muito, também, e que por isso a terra deve ser explorada e tratada como uma
nova unidade. São raízes de um pensamento que pode ser considerado útil para a
colônia e forte para a criação do que hoje conhecemos como Rio Grande do Sul.
Vrindecrivo!
(IMAGEM: Leitura recomendada, trecho
do livro“Primeiros Cronistas e Viajantes (1605 – 1801): estudo das fontes
primárias da história riograndense acompanhados de vários textos”., do
historiador brasileiro Guilhermino César (1908 – 1993) )
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