segunda-feira, 20 de dezembro de 2021

CONCLUSÕES FINAIS

A versão final não ficou assim, mas acho importante o registro aqui, em 2021:


A interdisciplinaridade da História me permitiu, não somente nesta pesquisa, mas também em diversas outras, analisar e investigar questões relacionadas à Música, como ritmos, danças, eventos, personalidades etc. Procuro, sempre que possível, integrar essas duas áreas do conhecimento. Minha relação com a Música vem desde muito cedo, pois  fui criado em meio a muitos profissionais da área. A primeira lembrança que tenho, escutando música, é da canção Maria Fumaça, de Kleiton e Kledir, que tocava no rádio enquanto meu pai explicava quem eram eles, e como essa canção tinha feito sucesso, anos atrás.

Compreender o contexto histórico da formação do Rio Grande do Sul, e como a cultura se fez presente nele, investigando as origens da milonga através das diversas transformações que sofreu, foi importante, para assimilar o que o músico Vitor Ramil, através das suas composições e escritos, elaborou com a sua obra. A hipótese que investiguei foi a ressignificação da milonga, a partir da leitura e audição de seus trabalhos. Sua comprovação, veio na medida em que percebi elementos em comum em todo o material, bem como suas transformações com o decorrer do tempo, no recorte escolhido para a realização da pesquisa.

Há uma extensa bibliografia acerca do tema, de diversas áreas, como Antropologia, Letras, Música, História e Musicologia. Os trabalhos são voltados, em sua maioria, para análises textuais, mas pude encontrar, também, algumas análises musicais e pesquisas históricas, principalmente na investigação sobre as origens da milonga e suas transformações.

Em relação às fontes, o método que utilizei também foi interdisciplinar: análise histórica, através da interpretação, bem como musical, estética e estilística. As principais contribuições de Vitor Ramil para a ressignificação da milonga foram condensadas por ele mesmo, em seu ensaio, publicado em 2004. A leitura desse material colaborou imensamente para as percepções e análises dos cinco álbuns que o artista lançou no período estudado.

Para Vitor Ramil, a sua Estética do Frio não terminou quando foram lançados os álbuns ou o ensaio. Segundo ele, ela deve se renovar, e os pensamentos em torno da cultura do Sul podem, sempre, serem debatidos. Na minha opinião, a Milonga de Vitor Ramil pode continuar gerando pesquisas, pois, é um bom exemplo de transformação musical. O gênero, em si, original ou ressignificado, também dá margem para muita investigação histórica. Musicalmente, há espaço para outras transformações, na própria milonga, e também em ritmos como a chimarrita, o chamamé, o bugio, entre outros.

Neste trabalho, fiz uma análise dos regionalismos presentes na obra do compositor Vitor Ramil, entre 1997 e 2010, e como ele se utilizou deles, na sua linguagem contemporânea, para ressignificar o tradicional gênero musical pampeano. A milonga, assim, passou a adquirir caráter próprio. Considero, após a pesquisa, que a Milonga de Vitor Ramil, através de sua linguagem, contribui, desde o final do século XX, para a difusão e divulgação da música tradicional do Rio Grande do Sul no restante do Brasil, além de configurar a “trilha sonora” de uma identidade regional que, assim como o gênero, se ressignifica na contemporaneidade.


Imagem: Capa do meu TCC. (Arquivo Pessoal)

AUTOCRÍTICA

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