quarta-feira, 27 de maio de 2020

TRISTEZA

Acho que eu já escrevi sobre estar triste em algum momento, realmente não lembro. Eu não estou me sentindo bem e já tem um tempo, e sei que é perfeitamente normal por conta da quarentena.
Nós artistas tendemos a sofrer mais. Há estudos sobre isso mas eu realmente não quero pesquisar agora. Não costumo digitar no celular, nunca. É estranho porque conheço pessoas que já escreveram livros nesse aparelho.
Enfim, eu só estou aqui por obrigação (como se tivesse muitos leitores). Já estou deitado, com frio e triste, abandonado. Eu sei que tenho amigos que posso contar a qualquer momento, e não entendo porque mesmo assim me sinto tão sozinho.
Queria sentir a felicidade de outrora, porém minha mente sabe exatamente que isso é normal, que é só química no meu cérebro limitado me fazendo mal nesse período conturbado.
Não me faço de vítima, sei de todos os meus privilégios e não consigo deixar de ser solidário, de pensar no bem do próximo e do mundo. Consigo disfarçar muito bem e jamais faria mal a mim mesmo nem às pessoas próximas de mim.
É difícil estar nesse país nesse momento. É difícil estar sozinho nesse momento. É difícil se sentir inútil e incapaz nesse momento.
No lugar de escrever esse texto, procurei nas notas do meu celular algo que pudesse colocar aqui, e foi a pior burrada que fiz: eu compunha muito, vivia muito, fazia muito, e parei com isso. Chorei. Chorei de novo. Pela primeira vez na vida faço um desabafo desse tipo publicamente, porém sei que vai chegar em uma, duas pessoas no máximo, logo, não acho que não deva fazer. Obrigado por se preocuparem comigo, sei que vai passar.
Vrindecrivo!
Acesso em https://disney.fandom.com/pt-br/wiki/Tristeza
(IMAGEM: Tristeza do filme Divertidamente, uma das maiores obras cinematográficas contemporâneas. Acesso em https://disney.fandom.com/pt-br/wiki/Tristeza)

quarta-feira, 20 de maio de 2020

CORDAS E RIMAS

Ah! A música! Tão bela, tão completa e maravilhosa. Ela que trouxe a gente até aqui, juntamente com sua melhor companheira: a amizade! A Rima é música, a música é a Rima. O Cordas&Rimas é música e é amizade. É assim desde a década de 1970, quando o meu pai, Paulo de Campos, juntamente com seus amigos Rui Morselli, Zé Caradípia e Zê Azemar colocaram esse nome e essa marca na vida dos gaúchos. O Cordas&Rimas é renovação: sempre foi! O Cordas&Rimas é Lucas Braun, Diego Sá, Gian Correa... É Guilherme Castro, Brenda Netto, Yasmim Frurek, Yuri Correa, Patrik Almeida e tantos outros. É hoje, mais do que nunca, um local onde amigos se encontram. Cordas&Rimas é hoje minha irmã Ivana Munari. Cordas&Rimas sou eu, Cattulo de Campos. Cordas&Rimas é o meu irmão Patrik Hertzog. Cordas&Rimas é amizade. Ponto.
E o que é amizade? É valorizar o que foi feito! Amizade é olhar para o futuro sem esquecer do passado. Amizade é estarmos juntos, unidos pela música como sempre. Amizade é ter essas três pessoas unidas pela arte, e tanta gente assistindo pelo amor! Não sei se é amigona ou amiguinha, se corre ou engatinha, se é verdade ou mentirinha. A amizade pode ser um caminhão ou uma lambretinha... A amizade é Cordas e Rimas! E o nosso público pode ter certeza, que faremos hoje e sempre canções para serem mais dele do que nossas!
Vrindecrivo!
(Foto: NÓS! <3 - ARQUIVO PESSOAL)

terça-feira, 12 de maio de 2020

BRASIL DE PELOTAS

Eu era criança e comecei a me interessar por futebol. Às vezes eu visitava e passava uns tempos em Pelotas. Sempre que eu conversava sobre esporte com determinadas pessoas de lá, e principalmente do esporte local, eu ouvia frases de desprezo ao time vermelho e preto. Na minha cabeça, era normal, assim como Grêmio e Inter, nós azuis queremos sempre o pior (em campo) para os vermelhos.
Fui percebendo, no entanto, que aquele discurso sempre vinha com estereótipos: torcida bandida, favelada. Pobre, violenta etc. Minha cabeça infantil assimilava essa fala, e, provavelmente a repetia. O Pelotas, grande Lobão, é o time de gente decente; O Brasil é o time dos bandidos.
Saio do interior rapidinho para traçar um paralelo com os times da capital: não é exatamente a mesma coisa? Esse discurso excludente e preconceituoso não aparece até hoje na boca de alguns gremistas? Eu já fui torcedor de estádio, e pior, já frequentei a Geral do Grêmio nos tempos de Olímpico. Nunca falei, mas cantei macaco nas músicas que continham essa palavra. A justificativa que me convencia? É só uma música. É estádio, vale tudo. Não é racismo, é porque macaco imita. Enfim, morro de vergonha desses dias, mas tenho a consciência tranquila de que eu não entendia o que estava acontecendo e muito menos tinha noção de que estava fomentando (e sendo cúmplice de) um crime.
Voltando para Pelotas, lembro de quando pesquisei pela primeira vez sobre o Brasil e sua história. Depois daquele acidente horrível com o ônibus da delegação em 2009, eu descobri que o primeiro campeão gaúcho tinha a maior torcida do interior. Uma torcida trabalhadora e fanática, que era capaz de fazer maravilhas pelo amor ao seu time. Entendi que o preconceito que eu escutava era porque a sede do clube era num bairro periférico, que atraia as massas e a população mais empobrecida, diferentemente do clube do Centro. Passei a desconstruir a visão negativa e transformá-la em uma simpatia.
Essa divisão social em clubes de futebol não existe. Uma vez meu primo, na maior inocência, perguntou para o meu pai: “tio, por que tu é gremista se tu sempre foi pobre?”. Ora, essa pergunta veio na cabeça dele pela desinformação passada pela irmã, de que o Inter era time do povo, dos pobres, e o Grêmio o time da elite, dos ricos. A generalização tem uma lógica espacial no seu começo, por conta do passado sombrio (terrível início do século XX), mas depois se perdeu. Porém, ela é usada até hoje (por gremistas e colorados) da pior forma possível: afirmar uma tradição preconceituosa. Desculpem voltar a falar dos clubes da capital, é porque estou mais familiarizado com eles, mas creio que seja a mesma coisa em Pelotas.
Toda essa reflexão me veio porque me dei por conta, hoje, muitos anos depois, que aquelas determinadas pessoas que tentaram me ensinar esse preconceito estereotipado em relação ao Brasil de Pelotas, são hoje bolsonaristas convictas. Faz todo o sentido do mundo, não? Elas já davam mostras de que lado estariam numa instauração de regime fascista, excludente e preconceituoso. Os tempos de hoje são difíceis, sombrios, mas pelo menos ainda podemos falar sobre eles. O que está acontecendo no país é o advento de uma minoria (cerca de 30%), porém perigosa massa,  que crê e segue cegamente um homem, sua família criminosa e seu sistema que já vem matando muitas pessoas, usando a arma da desinformação e das notícias falsas.
Quando comecei a estudar o fascismo (ou os fascismos), há alguns anos na faculdade, confesso que fui inocente o suficiente para acreditar que a sociedade iria aprender com aqueles erros. Voltando mais ainda no tempo, quando o saudoso Professor Cleto, da Rural, mostrou para a minha turma a primeira versão do filme A Onda, eu não fui capaz de assimilar que aquilo poderia tornar-se realidade. E tornou-se, não numa experiência de escola, mas numa experiência de país, de novo.
“Ah! Alarmista, você! Comparando o bolsonarismo com regimes autoritários.” – Será que estamos tão distantes mesmo? Há inúmeras mostras do quão periclitante a situação está. Não sei das capacidades cognitivas do presidente, mas sei o que o aparato por trás dele pode fazer com as pessoas. Foi muito fácil pegar essas pessoas que eu citei no início da minha exposição, que já tinham o ódio e o preconceito dentro de si, e transformá-las em verdadeiros propagadores de mentiras, dispostos a vender sua dignidade e o pingo de caráter que resta dentro delas para um projeto, repito, fascista.
Cabe a nós, incrivelmente em meio a uma pandemia, lutarmos nessa guerra. Viva a cultura! Viva a informação! Viva o amor por todos e de todos! Viva a educação! Viva o Mengo, o Coringão, o Inter e o Brasil! E viva a democracia! Lutaremos por ela enquanto a temos, pois será muito mais difícil se deixarmos que a tomem de nós.
Vrindecrivo!
Torcida do Corinthians lutando por democracia, impedindo manifestações fascistas em São Paulo. “Ué! Corinthians? O texto não é sobre o Brasil de Pelotas?” – Leia tudo, por favor!
(FOTO: REPRODUÇÃO/FACEBOOK - ACESSO EM https://www.correio24horas.com.br/noticia/nid/torcedores-do-corinthians-impedem-manifestacao-de-bolsonaristas-em-sao-paulo/)

quarta-feira, 6 de maio de 2020

ROMANCE OU NÃO?

Como seria escrever um romance? Acho que esse é um desafio que eu gostaria de encarar. Tenho um iniciado, onde pretendo contar a história da Galera da Rima, a banda de crianças que eu criei, coordenei e produzi entre 2009 e 2011, mas não sei se é ele que penso em terminar primeiro. Talvez até seja, mas no momento me instiga a ideia de criar uma história, um mundo, uma fantasia.

Maurício Ricardo Quirino, um cartunista de Minas Gerais que acompanho há muitos anos e de quem sou muito fã contou em uma live recente que pretende lançar um curso sobre “criação de histórias”. Não entendi muito bem a ideia, mas sei que será ótimo, pois o universo que ele criou nos seus vinte anos de internet é maravilhoso, e ele usa de artifícios incríveis que prendem quem assiste os seus desenhos animados.

Fiz também como disciplina eletiva, Escrita Criativa, na faculdade, e esse é um curso que eu também gostaria de fazer no futuro.

Estou acompanhando no momento o nascimento de um novo livro que eu, mesmo sendo suspeito, considero que será um sucesso. O processo foi simples: a autora começou a escrever. Sim, ponto final! Ela começou a escrever e foi isso. No mínimo um, no máximo três capítulos por dia, dependendo da inspiração. Em pouco mais de um mês, como já era de se esperar, uma história completa, com contextualização, clímax alucinante e final surpreendente. Foi essa situação que me fez repensar no meu A banda de crianças, há tanto tempo iniciado e tão pouco mexido (apesar de que já há uma boa parte pronta). Será que eu não devia fazer como essa autora que mencionei? Começar a contar algo e simplesmente terminar?

A resposta é clara na minha mente: não. Não agora. Não agora remexer no manuscrito do primeiro, também. Tenho objetivos definidos no momento, e os que têm relação com a escrita são unicamente no universo das crônicas e artigos. Mas, como já citei numa publicação recente, para cada pessoa a escrita vem de uma forma – coincidentemente ou não, essa frase foi escrita naquele caderninho pela mesma autora a quem me referencio no texto de hoje – e eu não me surpreenderia se para mim ela viesse num lapso também, num raio de inspiração que nunca antes me atingiu. Quem sabe?

Na mesma conclusão em que neguei uma possibilidade, a deixei em aberto. Por isso é o meu gênero literário preferido. A ambiguidade de uma crônica faz morada no meu coração.

Vrindecrivo!

(IMAGEM: MINHA VISÃO, NESSE MOMENTO. ASSIM QUE GOSTO DE ESCREVER. - ARQUIVO PESSOAL.)

sexta-feira, 1 de maio de 2020

CANTADORES DO LITORAL

O que é Cantadores do Litoral? Quem são os Cantadores do Litoral? O que foi Cantadores do Litoral? Quem eram os Cantadores do Litoral? Quem foram os Cantadores do Litoral? O que fizeram os Cantadores do Litoral? Onde está a banda Cantadores do Litoral?

Deixei todas essas perguntas aqui, para facilitar motores de busca. Eis a reposta para todas elas:

Os CANTADORES DO LITORAL estarão vivos, onde estiver um músico cantando a diversidade e a pluralidade do Litoral do Rio Grande do Sul.

Foi de 2001 a 2016, o MAIOR ESPETÁCULO ARTÍSTICO E DIVULGADOR DA CULTURA AFRO-AÇORIANA REALIZADO NO ESTADO, e isso pode ser comprovado com a opinião de muitas e respeitadas personalidades culturais de todo o Brasil. Depois, se dissolveu em diversos grupos menores, que continuam o legado que Paulo de Campos inventou e batalhou: fazer com que o gênero criado por Carlos Catuípe e Ivo Ladislau seja ouvido pelo resto do estado e pelo país inteiro.

Hoje em dia, CANTADORES DO LITORAL é o maior arquivo de música e cultura afro-açoriana do estado, além de ainda aparecer de vez em quando, surpreendendo e recompensando os eternos fãs e admiradores.

Vrindecrivo!

(CAPA DO CD CANTADORES DO LITORAL - RIMADISCOS:2009)
PARA ACESSAR O SITE COM O ARQUIVO DAS APRESENTAÇÕES DOS CANTADORES DO LITORAL, CLIQUE AQUI!

AUTOCRÍTICA

Eu não faço ideia se procede, mas na manhã deste quente sábado litorâneo, acordei por acaso, tendo que ligar o celular às pressas (sim, durm...