sábado, 11 de fevereiro de 2023

AUTOCRÍTICA

Eu não faço ideia se procede, mas na manhã deste quente sábado litorâneo, acordei por acaso, tendo que ligar o celular às pressas (sim, durmo com ele desligado). Resolvido o primeiro perrengue, como bom viciado que sou, abri as redes sociais. Uma postagem me chamou atenção: o trabalho de uma amiga que batalha sua divulgação,  independente, e que eu não tinha me envolvido o suficiente para conhecer. Que falha! De verdade, sem drama ou exagero. Ela está exatamente na mesma luta que eu, e, infelizmente, precisamos dos amigos, nesse começo. Eu me atrasei alguns meses e não tenho coragem de chama-la para me desculpar, pelo menos por enquanto.

Na tentativa de correr atrás do prejuízo, fiz o que me cabe: curti todas as postagens do perfil e comprei o livro na Amazon (espero que ela receba uma porcentagem maior pelo trabalho DELA do que eu recebo, pelo meu, do Spotify). Ajudarei em breve na divulgação, mas não por aqui, porque ninguém lê este blog, e sim em alguma rede que eu tenha mais visibilidade.

Essa situação me fez pensar numa antiga ideia: um trabalho mais elaborado sobre a vida do artista independente, de qualquer área. Não sei onde vou tratar disso, talvez no Café com Girafa.

Bá, Cattulo. Deu.

Imagem: Capa (desfocada, porque a divulgação virá depois) do livro que comprei - e já comecei a ler - hoje pela manhã. Todos os direitos reservados à autora, que é minha amiga e não vai me processar (eu acho).

segunda-feira, 28 de novembro de 2022

COR DA MATA

Meu primo Felipy e eu compusemos COR DA MATA em 2016. O contexto era de um criminoso que exaltava o nome de um torturador, em pleno Congresso Nacional, e não saia de lá algemado.

Nós éramos jovens, mas inteligentes o suficiente para percebermos a evidente ascensão do fascismo. COR DA MATA nasceu instantaneamente, tanto a letra quanto a melodia. Seu caráter político é quase explícito, e ainda brincávamos: "ainda bem que não vamos precisar maquiar muito, pois a censura AINDA não voltou".

A verdade é que me sinto orgulhoso de escrever História do Tempo Presente, e de que meus camaradas entendem a importância de registrar e musicar a nossa luta. O Felipy e eu sequer imaginávamos o horror que estava por vir, e tantas mortes que a extrema direita, de novo, causaria. Mas sabíamos que o perigo era exatamente esse!

Mesmo que esse ano tenhamos tido uma vitória, e tenhamos conseguido tirar o Mal do cargo de presidente, o fantasma (ou bruxa) da Ditadura Civil-Militar não acabou. Ressuscita o tempo todo, em cada grito golpista na frente de quartéis ou em bloqueios de estradas.

COR DA MATA, infelizmente, sempre será necessária. Ainda que seja só pra lembrar quem nós somos e contra o que lutamos.

"Na mata verde-azul-dourada, corre a ave avermelhada" ...

Semana passada, finalmente o CORDAS E RIMAS trouxe COR DA MATA à vida, em todas as plataformas digitais. Se você que está lendo quiser ouvir, e, principalmente, ajudar a divulgar e espalhar nossa luta, eu agradeço muito! O link para as plataformas digitais está aqui: https://linktr.ee/SingleCordaseRimas.

FOTO: Rudimar Narciso Cipriani/Acervo Pessoal (Acesso em: https://g1.globo.com/sp/campinas-regiao/terra-da-gente/noticia/2021/10/27/aves-possuem-percepcao-diferente-do-tempo-e-tambem-das-cores.ghtml)

segunda-feira, 20 de dezembro de 2021

CONCLUSÕES FINAIS

A versão final não ficou assim, mas acho importante o registro aqui, em 2021:


A interdisciplinaridade da História me permitiu, não somente nesta pesquisa, mas também em diversas outras, analisar e investigar questões relacionadas à Música, como ritmos, danças, eventos, personalidades etc. Procuro, sempre que possível, integrar essas duas áreas do conhecimento. Minha relação com a Música vem desde muito cedo, pois  fui criado em meio a muitos profissionais da área. A primeira lembrança que tenho, escutando música, é da canção Maria Fumaça, de Kleiton e Kledir, que tocava no rádio enquanto meu pai explicava quem eram eles, e como essa canção tinha feito sucesso, anos atrás.

Compreender o contexto histórico da formação do Rio Grande do Sul, e como a cultura se fez presente nele, investigando as origens da milonga através das diversas transformações que sofreu, foi importante, para assimilar o que o músico Vitor Ramil, através das suas composições e escritos, elaborou com a sua obra. A hipótese que investiguei foi a ressignificação da milonga, a partir da leitura e audição de seus trabalhos. Sua comprovação, veio na medida em que percebi elementos em comum em todo o material, bem como suas transformações com o decorrer do tempo, no recorte escolhido para a realização da pesquisa.

Há uma extensa bibliografia acerca do tema, de diversas áreas, como Antropologia, Letras, Música, História e Musicologia. Os trabalhos são voltados, em sua maioria, para análises textuais, mas pude encontrar, também, algumas análises musicais e pesquisas históricas, principalmente na investigação sobre as origens da milonga e suas transformações.

Em relação às fontes, o método que utilizei também foi interdisciplinar: análise histórica, através da interpretação, bem como musical, estética e estilística. As principais contribuições de Vitor Ramil para a ressignificação da milonga foram condensadas por ele mesmo, em seu ensaio, publicado em 2004. A leitura desse material colaborou imensamente para as percepções e análises dos cinco álbuns que o artista lançou no período estudado.

Para Vitor Ramil, a sua Estética do Frio não terminou quando foram lançados os álbuns ou o ensaio. Segundo ele, ela deve se renovar, e os pensamentos em torno da cultura do Sul podem, sempre, serem debatidos. Na minha opinião, a Milonga de Vitor Ramil pode continuar gerando pesquisas, pois, é um bom exemplo de transformação musical. O gênero, em si, original ou ressignificado, também dá margem para muita investigação histórica. Musicalmente, há espaço para outras transformações, na própria milonga, e também em ritmos como a chimarrita, o chamamé, o bugio, entre outros.

Neste trabalho, fiz uma análise dos regionalismos presentes na obra do compositor Vitor Ramil, entre 1997 e 2010, e como ele se utilizou deles, na sua linguagem contemporânea, para ressignificar o tradicional gênero musical pampeano. A milonga, assim, passou a adquirir caráter próprio. Considero, após a pesquisa, que a Milonga de Vitor Ramil, através de sua linguagem, contribui, desde o final do século XX, para a difusão e divulgação da música tradicional do Rio Grande do Sul no restante do Brasil, além de configurar a “trilha sonora” de uma identidade regional que, assim como o gênero, se ressignifica na contemporaneidade.


Imagem: Capa do meu TCC. (Arquivo Pessoal)

quarta-feira, 7 de outubro de 2020

CARLOS E DANIELA

Premissa narrativa:

Carlos e Daniela foram namorados durante quase 5 anos na adolescência, até o dia em que ele subiu em um avião e, sem ao menos avisa-la, se mandou para a Tailândia. Agora, de volta ao Brasil depois de quase duas décadas, ele encontra Daniela, por acaso, comprando peixe em uma banca do Mercado Público. Ela ainda está bonita, mas agora usa uma cadeira de rodas.

    Carlos sonhava todas as noites com Daniela. Por minuto sequer, esqueceu seu amor da adolescência.
    A moça, por sua vez, – que com apenas dezenove anos, tinha perdido dois namorados, o primeiro, morto num acidente de trânsito; e o segundo, Carlos, desaparecido de sua vida – havia superado, obviamente depois de muita terapia e muito tempo para curar suas feridas.
    Carlos finalmente conseguira rever a amada! De volta ao Brasil já há dois meses, encontrou Daniela comprando peixes numa banca do Mercado Público. Seu coração acelerou e suas pernas bambearam, como se não tivesse se preparado para isso. Ele tomou coragem, e chegou perto dela:
    – Olá, Daniela, quanto tempo? – falou com voz trêmula.
    – Olha só, você está vivo! E se lembra de mim! – ela respondeu, com uma ironia provavelmente ensaiada durante quase vinte anos.
    Carlos inventou uma desculpa qualquer, disse que foi para a Tailândia a trabalho e não falou nada para ela para “evitar sofrimento”. Daniela fingiu entender, e acabaram sentando-se numa banca no mesmo local para tomar um café. A moça contou a história de como havia parado numa cadeira de rodas: acidentou-se ao pular de uma cachoeira. Contou também como havia se apaixonado pelo seu médico, casado e tido uma filha com ele. Ao ouvir essa última parte, a expressão de Carlos mudou. Tentou disfarçar, e obteve mais algumas informações sobre a vida de Daniela. Despediram-se combinando um próximo encontro para colocar os assuntos em dia.
    Um mês depois, Daniela já nem lembrava do encontro, e nem que havia combinado outro: “vai ver ele voltou pra Tailândia! Não importa também.”
    Naquela quarta-feira comum, passava o café e preparava-se para trabalhar quando recebeu o telefonema. Seu marido estava morto. Assassinado. Seria um acidente de trânsito forjado, como o primeiro, se Carlos não tivesse vacilado e demorado para sair do local do crime, sendo pego em flagrante dessa vez. Não adiantaria nem fugir do país, estava preso, acabado. Continuava sonhando todas as noites com Daniela.

Vrindecrivo!


(Arte: JÉSSICA BELLOLI - Todos os direitos Reservados)


AUTOCRÍTICA

Eu não faço ideia se procede, mas na manhã deste quente sábado litorâneo, acordei por acaso, tendo que ligar o celular às pressas (sim, durm...