domingo, 26 de abril de 2020

PODE CONTER POESIA

Meia noite de um sábado para domingo. Lembrei de um presente muito especial que ganhei no meu último aniversário, de alguém que amo muito: um caderninho pequeno com folhas em branco. Isso pode parecer nada, mas para nós artistas significa o mundo. Obviamente eu não sou saudosista o suficiente a ponto de escrever minhas músicas, poesias ou essas crônicas “primeiro no papel”, até porque, mesmo não sendo geração Z, também não tenho idade para rememorar os idos tempos de pesquisas apenas em livros e de manuscritos à ponta de pena.

Voltando ao meu presente, na primeira página, acima de um desenho e de uma declaração, vinha um recado: “[…] para cada pessoa a escrita vem de alguma forma, e para ti, talvez seja calculada, musicada, pensada […]”, depois disso, mais algumas coisas escritas e um pedido: “seja livre!”. Não vou negar que esse regalo mexeu comigo, pois junto com todo o carinho vinha a crítica de que eu precisava me soltar mais, deixar essa arte que está tão presente em mim – e que eu faço questão de afirmar sempre – vir a tona sem tanta pressão, sem tantos cálculos, sem a cobrança extrema que eu mesmo implico à ela, de que tudo precisa ficar perfeito antes de outras pessoas verem.

Sendo assim, quero transcrever aqui frases que eu escrevi aleatoriamente nesse caderninho daquele dia (outubro do ano passado) até hoje. Claro que não colocarei todas, e peço que entendam que elas apenas existem, apenas são, em torno do meu ser. Não há contexto, não há linearidade, e elas são únicas e dialogam consigo mesmas. Nada impede que o leitor possa imergir na tentativa de significá-las juntas, e para facilitar esse exercício (que eu também farei), colocarei em formato de parágrafo, como se formassem uma única e grande ideia. Quem sabe um dia não compilamos as melhores interpretações? Estou na expectativa, lá vai:

 

Bom dia, amor! Não entendo como o ar funciona. Casa comigo? Eles se amam mesmo, pra sempre ficarão juntos. Paciência é algo que não tenho. Pinta a minha parede? Come a minha torrada? Ouve a minha música? A mentira não existe por si, ela existe de dó a dó. Você vai estar aqui quando eu acordar? Te observo enquanto desenha, enquanto pinta, enquanto sonha, enquanto és! Me ajuda, por favor, nessa minha autodescoberta. Eu não sou perfeito, longe disso! Porém, esse talvez seja meu maior defeito. Entende a minha dificuldade? Fica mais um pouco? Me ensina a dançar! Me liga pelo Skype! Pelo que me faz ser. Me entende no meu drama? Quarenta dias, quarenta noites, oitenta (e duas) crises de ansiedade. Nada! Nada! Seja o meu Nada! Deixe-me ser seu Nada! Hoje eu descobri que a sorte também sorri. Sou inferior, mas tenho ambição. Sou um bostinha e só vou pra faculdade pra ser um bostinha com estudo. O mundo vai ser nosso! Amo te ver assim. Coração! Nada! Nada! De improviso n’água nada! E é só deixar que a estrada guie para a imensidão. Me ama pra sempre? Te amo pra sempre!

 

É isso. São frases dispersas que nunca estiveram nessa ordem antes. Retomarei esse parágrafo resultante um dia, não sei pra que, só sei que será.

Vrindecrivo!

(FOTO: O CADERNINHO CITADO. DELE QUE SAÍRAM AS FRASES DO PARÁGRAFO. - ARQUIVO PESSOAL)

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